domingo, 26 de agosto de 2012

Turbilhão

Nesses dias de toró em que o céu se desfaz em água
Me encosto na janela para ver o correr da enxurrada.

O paradoxo entre o tempo que corre lento em noite chuvosa
e a correnteza que corre depressa riscando o asfalto
me encanta e apavora tanto quanto as trovoadas que rasgam o instante.

É noite de temporal para um qualquer
Mas para menina encostada na janela
É quando passa um rio de tempo e lembrança
Em frente a casa dela.


JBF
Escrito originalmente em 05/12/2010

terça-feira, 21 de agosto de 2012

À Estamira


A louca
Vidente que revela
A verdade

Que vislumbra
Que deslumbra
E desbunda
a desigualdade

A coerente
A única que pode revelar
a iniquidade

A ruim, a pior, a má
Mas que não é perversa
Em formato homem par
A quem o vento não dispersa
Firme
Sob as sacolas e urubus a voar.

JBF 21/08/2012


(Poema dedicado aos meus alunos do 3º e às professoras Yvone e Beth
pelo maravilhoso processo que culminou no aulão sobre o filme Estamira).

Carnaval


Tem hora
      que desejo passar o dia
            observando a decolagem dos aviões.
                         Aqueles pássaros de ferro sisudo que vão subindo
                              e logo parecem delicados aviõezinhos de papel
                                                              [lançados pelo meu coração.

JBF
 Escrito originalmente em 19/02/2012
(Decolando para Recife)