domingo, 21 de outubro de 2012

O tom da pele


Qual é a sua cor?
Qual o seu tom?

A pele que marca o ritmo
é a pele que apanha.

Qual é a sua cor?
Qual o seu som?

É da terra a pele
É marrom
Veio do barro
e veio de barco
a pele
e trouxe o tom.

O tom da pele.
O tom do som.
A cor da pele.

Origem e tambor.

Qual seu tom?
Qual é seu som?
Qual é a sua cor?

sábado, 29 de setembro de 2012

Para Van

A dança que eu respiro
           em baixo d'água
A chuva que eu transpiro
A água
O transbordo do corpo
O cheiro do teu cabelo
                 que me guia
                    Piruetas e rodopios
Um vôo de olhos fechados
  no cheiro do seu perfume
               (com cheiro de flor amarela)
                            Compartilha mais essa dança comigo, menina?

sábado, 22 de setembro de 2012

Primeira chuva

Um raio corta o instante.
A chuva desseca
Cortante
Entre agora e antes.
Memória.
O cheiro da terra molhada.
Minha alma
que deságua
em pranto.
A chuva que lava a solidão.
É noite.
Um raio corta o instante
do meu coração.

JBF 21/09/2012   Para a primeira chuva que corta a seca do mês de Setembro em Brasília.


domingo, 16 de setembro de 2012

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Tempo & Saudade


Hoje li cartas antigas. 
Do tempo que não tínhamos medo de dizer o que sentíamos 
e  éramos tão ridículos! 
Ridículos de um jeito que só estando muito à vontade um com outro para ser. 
Ridículos de tão livres!

Essas cartas você não tem mais. Só eu.
Sorte sua...

Memória. O que fazemos dela?
tempo                         tempo              tempo                                       tempo        

Hoje quero falar de peito aberto o que sinto
por que o que eu sinto é saudade             
saudade de quando éramos espontâneos
saudade de quando éramos superficiais
porque a espontaneidade mora na superfície
agir sem pensar
só ser

O que somos todos nós?

JBF, escrita originalmente em 24-05-2012
reeditada em 14-09-2012

Retrato


O Cheiro da terra seca nas minhas narinas
O pó
O chão duro
E mais pó

Secura e beleza

Não é fluido
É frustrado
De uma expectativa do delineado

A sombra do ipê
não é aconchegante de olhos fechados
porque é beleza

E uma vontade de dançar



E uma vontade de dançar
sozinha

Mas sem solidão
Não se trata de desejo umbilical
Mas de um momento íntimo

Entre nós

mãos                                                                                       tronco
       
                          olhos
                                                      pés

                                                                                      vestido
pele          

                             riso                                perfume                                    céu


         cabelo                                        sapato

                               barulho                                                        mato
chão                                              


E pó, muito pó

Sob a chuva de flores amarelas.

JBF 12-09-2012

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Natal

Hoje vou negar o passado.
Escaparei desse papel
envelhecido, amarelado
e cheio de pó que estou embrulhada.
Vou renascer!
Surgindo nua na minha plenitude

Nova,
Livre

                              ... pra sempre!

terça-feira, 4 de setembro de 2012

Estou na corda bamba
Não faço o tipo equilibrada

Só tenho duas opções
Me esborrachar
Ou voar!

JBF 04/09/2012

domingo, 26 de agosto de 2012

Turbilhão

Nesses dias de toró em que o céu se desfaz em água
Me encosto na janela para ver o correr da enxurrada.

O paradoxo entre o tempo que corre lento em noite chuvosa
e a correnteza que corre depressa riscando o asfalto
me encanta e apavora tanto quanto as trovoadas que rasgam o instante.

É noite de temporal para um qualquer
Mas para menina encostada na janela
É quando passa um rio de tempo e lembrança
Em frente a casa dela.


JBF
Escrito originalmente em 05/12/2010

terça-feira, 21 de agosto de 2012

À Estamira


A louca
Vidente que revela
A verdade

Que vislumbra
Que deslumbra
E desbunda
a desigualdade

A coerente
A única que pode revelar
a iniquidade

A ruim, a pior, a má
Mas que não é perversa
Em formato homem par
A quem o vento não dispersa
Firme
Sob as sacolas e urubus a voar.

JBF 21/08/2012


(Poema dedicado aos meus alunos do 3º e às professoras Yvone e Beth
pelo maravilhoso processo que culminou no aulão sobre o filme Estamira).

Carnaval


Tem hora
      que desejo passar o dia
            observando a decolagem dos aviões.
                         Aqueles pássaros de ferro sisudo que vão subindo
                              e logo parecem delicados aviõezinhos de papel
                                                              [lançados pelo meu coração.

JBF
 Escrito originalmente em 19/02/2012
(Decolando para Recife)