Brás Cubas
Não consigo ajustar antes de errar. Mas adoraria...
.seria como viver de trás para frentE
.começaria morrendo de vez
(e digo de vez porque a vida se faz de pequenas mortes - Nesse caso a morte se faria de pequenas vidas?)
.apagaria com essa borracha suja que me mancha a folha de papel antes de escrever
(E nisso sou especialista!)
.acenderia o cigarro já apagado
.começaria um amor esquecendo para depois amar e ir me apaixonando cada vez menos
(E não me parece uma história lá muito original)
.nesse andar retrocedido que não precisa ser contínuo
o conhecimento antecederia a ignorância
.Frequentaria a escola para ficar cada vez mais burra
.O professor, um completo ignorante, ensinaria os estudantes sábios a ignorar as artes, a linguagem, a ciência
.Sairia do teatro para aplaudir os atores, aí sim a história iria se apresentando até seu começo
.Trabalharia muito para só depois aprender a trabalhar
!as eleições mobilizariam o povo todo a depor o governo
.cuspiria a comida já saboreada
.beberia todas para tomar um porre de sobriedade
.tomaria remédio para ficar doente
. cansaria antes de dançar
(e dançaria para sempre!)
E vislumbrando esse retrocedido caminhar
é que percebo que esse mundo anda mesmo de pernas pro ar.
Acertada que estou
que só me resta errar.
JBF 17/02/2013
domingo, 17 de fevereiro de 2013
segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013
Síndrome de Bartleby
A escrita é minha antiterapia.
A minha loucura escorrida
por entre os dedos das mãos.
Os meus amores frustrados
embelezados na folha de papel.
O projeto de vida fracassada
fantasiado de testemunho.
Escrever é minha fraqueza sustentada (e mal equilibrada) nas pautas do papel.
Revela-me nua de uma forma indigna.
A pena desfia pela humanidade a minha loucura?
Por isso peço:
Fica comigo!
Não fuja!
Pare de escorrer dos meus dedos
A minha loucura
Fica comigo e aqueça meus atos
Para desatar-me em pranto
em canto...
em dança...
E ser mais livre
por isso louca
Pare de escorrer da minha mão
riscando a folha
traçando em tinta
os vestígios da minha imensidão.
Preferiria não.
Preferiria não?
Preferiria estancar a tinta
entupir a pena
e me afogar na minha loucura.
Preferiria não.
Preferiria a minha lucidez?
Preferiria engasgar-me
com minhas palavras
Engolir
meus pensamentos
Sufocando-me
de ideias
Para morrer de inspiração
"e renascer poesia".
(Ao som de Clarice. Digestão da peça Preferiria não?, rebulida por Sexton e exorcisada por causa do texto Desenfezando)
JBF 28/01/2013, editada em 03/02/2013.
Assinar:
Postagens (Atom)