segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013
Síndrome de Bartleby
A escrita é minha antiterapia.
A minha loucura escorrida
por entre os dedos das mãos.
Os meus amores frustrados
embelezados na folha de papel.
O projeto de vida fracassada
fantasiado de testemunho.
Escrever é minha fraqueza sustentada (e mal equilibrada) nas pautas do papel.
Revela-me nua de uma forma indigna.
A pena desfia pela humanidade a minha loucura?
Por isso peço:
Fica comigo!
Não fuja!
Pare de escorrer dos meus dedos
A minha loucura
Fica comigo e aqueça meus atos
Para desatar-me em pranto
em canto...
em dança...
E ser mais livre
por isso louca
Pare de escorrer da minha mão
riscando a folha
traçando em tinta
os vestígios da minha imensidão.
Preferiria não.
Preferiria não?
Preferiria estancar a tinta
entupir a pena
e me afogar na minha loucura.
Preferiria não.
Preferiria a minha lucidez?
Preferiria engasgar-me
com minhas palavras
Engolir
meus pensamentos
Sufocando-me
de ideias
Para morrer de inspiração
"e renascer poesia".
(Ao som de Clarice. Digestão da peça Preferiria não?, rebulida por Sexton e exorcisada por causa do texto Desenfezando)
JBF 28/01/2013, editada em 03/02/2013.
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